3 de mar. de 2012

RECIFE: UMA CIDADE CRUEL

          De acordo com o que propomos neste blog, não poderia deixar de abordar a atual situação em que se encontra a cidade do Recife, a capital dos pernambucanos - a "Veneza brasileira".
          Com o desenvolvimento tecnológico em todas as áreas do conhecimento, é óbvio que o município de Recife teria que se adequar ao ciclópico avanço tecnológico e as consequentes mudanças econômico-sociais, com alterações profundas na sociedade recifense e no modo de vida de seus habitantes.
          Parece claro, que os dirigentes municipais não se interessam pelo Planejamento Estratégico que demanda longo prazo para ser implementado, extrapolando, na maioria das vezes, períodos de mandatos eletivos. Portanto, o município de Recife não foge a regra pois, os projetos e programas do município são elaborados para curto e médio prazos, não fazendo parte de um planejamento maior e mais abrangente, isto é, de um planejamento estratégico. Para corroborar com esta assertiva, citaremos apenas três projetos realizados no Recife que demonstram claramente,a falta de uma visão de futuro isto é, de um planejamento estratégico que estabelecesse um cenário de, pelo menos, até 2020 para o Recife e região metropolitana:
1 - A construção da Avenida Agamenon Magalhães - via expressa, que liga  a zona sul a cidade de Olinda; no projeto de construção não foram contemplados os viadutos que deveriam ser construídos para o escoamento dos veículos aos bairros adjacentes, para se evitar os cruzamentos ao longo da via- um exemplo claríssimo da falta de visão logística e estratégica. Atualmente, querem construir os viadutos, face a  Copa do Mundo de 2014, depois que permitiram as construções  de prédios residenciais e comerciais ao longo da via. Isto demonstra que os dirigentes públicos colocam a logística a reboque dos grandes empreendimentos.
2 - A reforma da Avenida Boa Viagem - Claramente, observa-se a falta de uma visão estratégica e um completo desconhecimento da Logística. A via foi estreitada em benefício de uma ciclovia e de um calçadão exageradamente largo( a ciclovia poderia ser construída sem comprometer o tráfego de veículos), e de estacionamentos no sentido horizontal do fluxo de veículos, causando transtornos, com constantes congestionamentos do trânsito, agravado com a descarga de gelo e demais materiais para os barraqueiros de toda o orla da praia. Assim, a Avenida  Boa Viagem, principal via de escoamento do trânsito da zona sul, tornou-se um suplício para os motoristas que transitam  naquela via. Além do mais, não se concebe a utilização de postes de iluminação de ferro numa área litorânea, onde a corrosão é mais intensa. Isto demonstra uma falta de visão estratégica, para não se pensar em outro tipo de interesse por trás disso.
3 - A reforma equivocada da Avenida Conde da Boa Vista - Com uma visão eminentemente estreita, o projeto visou, unicamente, o transporte coletivo de passageiros, prejudicando tremendamente, os outros meios de transporte, com a criação de uma via estreita para o escoamento de veículos particulares e outros utilitários. É preciso entender que existe  comércio nas áreas adjacentes a Avenida Conde da Boa Vista,nos dois lados, cuja logística está sendo prejudicada. Portanto,grande fração da população que utiliza outros meios de transporte como o táxi,por exemplo,  está sendo penalizada.Faltou uma visão global dos mentores desse projeto.
          Portanto,a atual situação urbana da cidade de Recife. na ótica da Administração Estratégica, tem perspectivas sombrias, pois não existe um Plano Diretor moderno e coerente,  para regular e padronizar as construções urbanas, evitando a desregrada explosão imobiliária, com a destruição sistemática da vegetação e do clima urbano, transformando as ruas e avenidas de todos os bairros, numa verdadeira "guerra" no que tange ao trânsito. É urgente, portanto, um Plano Diretor moderno e que contemple  a Logística, haja vista a demanda de SUAPE, do porto de Recife e do novo aeroporto.
          Finalizando, a atual situação urbana de Recife, com suas mazelas no trânsito, na segurança, na educação, na saúde e na habitação, vem transformando a cidade num ambiente cruel para habitar e conviver.